Estádio Bento Freitas

A BAIXADA

Logo quando começou com as atividades esportivas, o Brasil não possuía um local para chamar de ‘casa’. Porém, apenas cinco anos após a fundação, em 1916, o clube inaugurou um vasto pavilhão social, que também era chamado, naquele tempo, de ‘Praça de Esportes’. A tal sede, localizada no bairro Simões Lopes, foi construída toda em pedra de granito e madeira, e tinha capacidade para acomodar dois mil torcedores, um número muito significativo naquele tempo. Além das arquibancadas, o primeiro estádio do Brasil comportava copa, secretaria, sala para o departamento médico, rouparia e vestiários.

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Fachada atual do estádio Bento Freitas, localizada exatamente no início da Rua Princesa Isabel, que fica completamente lotada em dia de jogo do Brasil.

A Praça de Esportes do Brasil, que depois virou ‘Campo do Bancário’ e por último ganhou o nome de ‘CT Rubro-negro’, também tinha uma peculiaridade muito interessante: um Coreto. Uma construção com piso a altura de aproximadamente um metro do chão, de forma arredondada ou oitavada. Enfim, era uma espécie de palco, que recebia os grupos musicais responsáveis pelo entretenimento do público antes de a partida começar.

A utilização do Coreto é uma prova mais do irrefutável de que o Brasil sempre foi um clube do povo, com uma torcida capaz de transformar um simples jogo de futebol em um grande espetáculo. O mais impressionante é que, mesmo com o passar dos anos, essa tradição de festa nas arquibancadas ainda faz parte do folclore rubro-negro. A diferença é que no lugar das bandas pomposas entrou a Charanga, dando o tom direto das arquibancadas. Sem falar que atualmente o Brasil possui um local apropriado para receber tanta euforia: o estádio Bento Freitas.

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A Baixada se encontra atualmente em obras, e futuramente será um dos mais modernos estádios do Rio Grande do Sul.

O Bento Freitas, também conhecido como a Baixada, foi inaugurado no dia 23 de maio de 1943, com a realização de um amistoso entre Brasil e Força Luz, de Porto Alegre. Naquela ocasião, o jogo foi considerado um grande acontecimento esportivo. E a torcida Xavante, já numerosa, comemorou emocionada a conquista da nova casa.

Desde então a Baixada tem sido palco de partidas memoráveis e grandes triunfos, tudo acompanhado de perto por arquibancadas lotadas e agitadas pela maior, mais alegre e mais fiel torcida do interior gaúcho.

Atualmente o estádio Xavante ocupa uma extensão de 29.730m2, sendo que 23.254m2 é de área construída, incluindo 4 bilheterias, 7 portões de acesso, 6 lanchonetes, 17 banheiros e 13 cabines de imprensa. Para os atletas profissionais são 3 vestiários, sala de musculação, sala do Depto Médico, refeitório e alojamento com 10 dormitórios, sala de áudio e vídeo e de lazer.

Além disso, a casa do Brasil também abriga todas as dependências dos setores administrativos e executivos do clube, e a sede do Depto Amador rubro-negro, que possui secretaria e vestiários independentes, mais uma cancha de areia e um salão de festas. Sob o pavilhão social, o estádio ainda acomoda o ‘Salão de Honra’. Um espaço decorado com as conquistas Xavantes, que é utilizado para as reuniões do Conselho Deliberativo e para realização de eventos institucionais.


PÚBLICO RECORDE

O Bento Freitas tem capacidade para acomodar até 18.000 pessoas. Mas o recorde de público no estádio, registrado na épica campanha Xavante no Campeonato Brasileiro de 1985, ultrapassou (e muito) esse número.

O dia era 18 de julho, segunda fase da competição, e o adversário era o Flamengo/RJ. O time carioca, treinado por Zagallo, tinha no elenco jogadores como Andrade, Bebeto e Zico, havia vencido o Brasil uma semana antes, no Maracanã, por 1 a 0, e estava em Pelotas para mais um duelo rubro-negro.

O jogo causou um alvoroço na cidade, as bilheterias estiveram lotadas durante todo o dia. Às 18h foram abertos os portões e as filas para entrar na Baixada se estendiam por várias quadras. Devido à lotação garantida, por volta das 20h a Rede Globo anunciou, no Jornal Nacional, a transmissão da partida ao vivo para todo o país, inclusive para Pelotas.

Foi um show! O Brasil venceu o jogo por 2 a 0, gols de Bira e Júnior Brasília, e encaminhou a classificação às semifinais. A vitória foi assistida por nada menos que 22 mil torcedores, só pagantes foram 16.498, o que resultou em uma renda de 126 milhões de Cruzeiros (Cr$ 126.470.000,00).


QUEM FOI BENTO FREITAS?

Bento Mendes de Freitas foi um dos presidentes mais importantes do GE Brasil. A frente do clube de 1939 a 1941, o dirigente deixou o legado imortalizado no rubro-negro por ser o idealizador da Baixada. Na época o empreendimento proposto por Bento Freitas era considerado muito arrojado, e pouca gente acreditava que a tal ‘Praça de Esportes’ sairia do papel.

Porém, com muita dedicação, lutas intensas, e até contrariedades naturais pelo risco do empreendimento, Bento Freitas teve a perseverança de levar o projeto a diante e transformar o sonho em realidade, dando início às obras do estádio. Graças a esse desprendimento em dar ao rubro-negro um palco condizente com o passado e com as glórias do clube, o dirigente recebeu do GE Brasil, num preito de admiração e de reconhecimento, um título honorífico e ainda uma eterna homenagem no batismo do local.

O ilustre torcedor e dirigente, que até hoje empresta o nome ao estádio do Brasil, nasceu em Portugal, na cidade de São Lourenço de Sande, em 25 de janeiro de 1902, e morreu em Pelotas, no dia 29 de abril de 1956. O saudoso cronista esportivo, Armando Leite Goulart, noticiou o falecimento do ex-presidente Xavante com as seguintes palavras: “O cronista, que sempre acompanhou o trabalho de Bento Freitas, naquela oportunidade desde o lançamento da pedra fundamental, à colocação do primeiro tijolo e a construção do estádio, admirando tanta dedicação, tanto apego a uma iniciativa e tanto desprendimento e sacrifício, aqui presta sua homenagem admirativa e de saudade ao grande desportista que tanto fez pelo progresso rubro-negro que foi também pelo progresso de Pelotas esportiva”.

 
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