Torcedores Ilustres

O Brasil é considerado um clube do povo, e, também por isso, não faz distinção alguma entre cada um de seus torcedores. Entretanto, no meio de tantos apaixonados pelo Xavante, existem aqueles que se tornaram conhecidos do grande público, e exemplificam de forma ilustre o amor pelo rubro-negro da Baixada.

foto.ilustres-Aldyr.SchleeAldyr Schlee (Jaguarão/RS, 22 de novembro de 1934), é escritor, jornalista, tradutor, desenhista, professor universitário e famoso por ter sido o criador da camisa canarinho, da Seleção Brasileira de Futebol. As especialidades dele são a literatura uruguaia e gaúcha, a criação literária, a identidade cultural, as relações fronteiriças e o rubro-negro da Baixada, clube que aprendeu a amar desde que chegou a Pelotas, ainda na adolescência.

“Neste país, sempre dominado por uma minoria, aqui onde a outra alternativa popular tem sido o carnaval, o Brasil consegue ser otimista porque torce fervorosamente, porque renasce de esperança a cada domingo, porque se realiza e participa como povo nos estádios, e ali vai aprendendo a lição de democracia que ao mesmo tempo dá — ali se ergue na comemoração de seus ídolos, mas compreende que nada se resolve individualmente; ali não chega a tomar consciência de sua força coletiva, mas se for preciso, multiplica os onze por mil e obtém a vitória a qualquer preço.

De que Brasil, afinal, estou falando?

Do Brasil, nosso país, sim; porém, sinto-me como se ao mesmo tempo falasse do Brasil, nosso time; do Brasil, clube do coração de todos os Xavantes; do Brasil da maioria dos pelotenses; do Brasil, cuja ‘maior e mais fiel torcida’ vai muito mais além do estádio Bento Freitas e ultrapassa com seu grito os limites da cidade, da zona sul do Rio Grande e do próprio Estado, constituindo-se num raro fenômeno nacional de paixão futebolística e de preferência clubística que ignora olimpicamente os ‘grandes’ da capital gaúcha e do resto do país, mesmo que para isso tenha que dispensar todas as facilidades e se sobrepor a todas as dificuldades. Porque aqui, o Brasil é o Grêmio Esportivo Brasil.” – Aldyr Schlee


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Danrlei de Deus Hinterholz (Crissiumal, 18 de abril de 1973) foi um dos goleiros de maior expressão do futebol brasileiro, especialmente na década de 90. Ele jogou por dez anos com a camisa do Grêmio, onde conquistou três Copas do Brasil, um Campeonato Brasileiro e uma Taça Libertadores da América.

Porém, foi no Xavante que o ex-camisa 1 do tricolor de Porto Alegre e da Seleção Brasileira pendurou as chuteiras, em 2009, logo após disputar o Gauchão pelo rubro-negro. Além de último clube na carreira, o Brasil ficou marcado para sempre na vida de Danrlei pelo do acidente de 15 de janeiro.

“Dizia Fernando Pessoa: ’O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis’. Eu adoro esta frase do poeta português. Resolvi citá-la aqui porque acho que ela expressa muito bem o meu sentimento em relação ao Brasil, à torcida Xavante e à cidade de Pelotas. Nosso convívio foi curto, mas muito marcante por causa do carinho que recebi, das alegrias e, infelizmente, da dor que partilhamos.

Quem acompanha futebol sabe que a torcida Xavante é uma das mais apaixonadas do Brasil, sempre presente incentivando o time, vibrando com o maior entusiasmo nos bons momentos, e sem jamais se deixar abater nas fases difíceis, quando uma equipe de futebol mais precisa de seus torcedores. Eu já sabia disso, mas, mesmo assim, não pude conter a emoção quando senti na própria pele todo este amor e toda esta dedicação. Jogar no Bento Freitas, então, é uma experiência incrível e única.

Em minha breve passagem pelo Brasil fiz muitos amigos, os quais tenho certeza de que sempre estarão comigo, sempre me apoiarão, e dos quais eu jamais me esquecerei. É uma pena que não tenhamos conseguido transformar nossa parceria em muitas vitórias e títulos, mas nunca nos faltou a vontade de ganhar, a determinação de nos unir em torno de um clube que desde a sua fundação, há quase cem anos, emociona milhares de pessoas.

Infelizmente, esse período de minha vida também ficou marcado pelo episódio mais triste no qual estive envolvido. Como esquecer a tristeza pela perda de colegas que rapidamente se transformaram em amigos? Imaginem então como me senti e me sinto, tendo presenciado toda essa tragédia. Mas, como somos apenas seres humanos, tudo que podemos fazer é pedir a Deus que cuide bem deles.

Ao Brasil, desejo que siga em sua bela trajetória e que tenha toda a sorte do mundo. O carinho que eu recebi na Baixada permanecerá em meu coração. Como disse o poeta, a intensidade torna as coisas inesquecíveis.

Um grande abraço a toda torcida Xavante.” – Danrlei


foto.ilustres-sadySady Homrich (Porto Alegre, 18 de abril de 1964) é integrante da banda Nenhum de Nós. O baterista é porto-alegrense, mas mantém uma forte ligação com a cidade de Pelotas, principalmente por causa da família, dos amigos e do Xavante. Ele começou a gostar do clube na infância, a partir de um simples adesivo. Porém, aos poucos, a relação passou a se tornar mais forte, até que explodiu em uma paixão tingida de vermelho e preto.

“RUBRO-NEGRO! O sangue e a raça de uma torcida que, definitivamente, faz a diferença!

Na década de 70 quando me tornei Xavante, durante um dos muitos períodos que passava na praia do Laranjal, ganhei um decalco que estampava o início de uma paixão na janela do meu quarto.

Nasci em Porto Alegre, filho de pais pelotenses que se mudaram para a capital pra encarar a vida longe dos parentes e amigos. Mas uma forte ligação sempre foi mantida, com visitas frequentes da família, e eu em temporadas inteiras de férias de inverno e verão. Meus parentes, amigos, a casa no Laranjal, o Brasil e a Quinzena Gastronômica me mantém por perto.

O final dos 70 foi duro para os xavantes, que reergueu-se nos anos 80 para figurar de vez dentre os grandes clubes do país! Acompanhei de perto a impressionante campanha no Brasileiro de 1985 e para alguns jogos ainda levei o Thedy (Corrêa, vocalista do Nenhum de Nós), em visita a Pelotas, para a baixada. Ele viu comigo o poder da torcida no Bento Freitas contra Cruzeiro e Flamengo, batidos pelo time do Walmir Louruz, que nos levou àquele honroso 3º lugar!

Em várias oportunidades estive tocando surdo com a Garra Xavante, levantando a torcida mais ensandecida do futebol nacional!” – Sady Homrich

 
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