35 anos: o jogo que marcou a história

Por Jonathan Silva

O ano era 1985. A data, 18 de julho. De um lado, um time de craques conhecidos mundialmente, envergando uma camisa que poucos anos antes venceu o Liverpool e se sagrou campeão do mundo. Do outro, um time guerreiro, forte, qualificado e movido por uma torcida pra lá de apaixonada. Brasil e Flamengo, a partida que lotou o Bento Freitas, que abriu caminho para um feito histórico do Xavante no campeonato nacional e que marcou uma geração completa 35 anos.

Mais de 22 mil pessoas lotaram o Bento Freitas. Até hoje, o recorde de público do estádio
Mais de 22 mil pessoas lotaram o Bento Freitas. Até hoje, o recorde de público do estádio

Não era um jogo comum. O Brasilerão de 1985 estava na segunda fase. Era a penúltima rodada. O Flamengo liderava o grupo F, o Brasil vinha logo atrás, com um ponto de diferença. Uma vitória dos cariocas os garantiam na fase seguinte, era o que muitos esperavam. Mas, a história não foi assim.

O Brasil foi a campo com mais do que 11 jogadores. Tinha uma nação nas arquibancadas, nos radinhos, no entorno do estádio, nas orações. No jogo com maior público da história do Bento Freitas, mais de 20 mil pessoas, a Maior e Mais Fiel pode se encantar, se emocionar. Zico, Adilio, Júnior, Tita, Bebeto e o goleiro campeão do mundo com a Argentina, Fillol, não foram capazes de parar a, posteriormente denominada, Máquina Xavante.

O técnico Valmir Louruz conduzia um time qualificado tecnicamente e que não fugia das origens Xavantes: muita garra e entrega a cada partida. João Luis era uma muralha no gol. Nei Dias e Jorge Batata eram incansáveis nas laterais. Silva e Hélio eram zagueiros intransponíveis. Doraci era um cão de guarda tão capacitado que nem Zico conseguiu tocar na bola. Chiquinho, Alamir eram personagens especiais. Lívio era talento puro. Júnior Brasília um craque. E Bira, bom, Bira era o artilheiro. Essa Máquina Xavante nem o Flamengo pararia.

Bira aproveitou o vacilo da defesa do Flamengo e abriu o placar para a vitória Xavante
Bira aproveitou o vacilo da defesa do Flamengo e abriu o placar para a vitória Xavante

E assim foi, sob os olhares de milhares de pessoas, o Brasil batia o Flamengo por 2 a 0. Júnior Brasilia e Bira balançaram as redes em dois gols que merecem histórias no cinema. No gol do artilheiro Bira, o goleiro Fillol, campeão do mundo, falho feio quando viu o camisa 9 rubro-negro. No gol de Brasília, muitos até hoje dizem que ele tentou cruzar, mas o craque encobriu o goleiro argentino e colocou ela lá no fundo da rede.

Aquele resultado abriu caminho para o Brasil fazer história. Na última rodada, o rubro-negro foi até a Bahia e venceu os baianos por 3 a 2. Classificou para as fases finais e finalizou em terceiro lugar no Brasileirão de 1985. Algo lembrado e comemorado até hoje.

Mais do que um jogo, mais do que o resultado, aquele resultado contra o Flamengo e aquele terceiro lugar no campeonato nacional estão marcados na história Xavante. Mas não só nos livros, e sim no coração de cada torcedor que, 35 anos depois, ainda se emociona quando relembra ou escuta sobre aquele ano mágico.

A paixão da Maior e Mais Fiel é forjada a cada batalha, a cada dia, a cada luta, a cada jogo, a cada encontro, a cada vitória, derrota, volta por cima. A paixão Xavante é mais do que resultados, do que títulos. Ela é feita pela raça, pelo amor e, principalmente, pelo orgulho. E aquela vitória por 2 a 0 sobre o Flamengo, que agora completa 35 anos, ainda enche o nosso peito de orgulho. É o jogo que marcou a nossa história.

172.70.130.104 geb01