Um ponto do tamanho da Amazônia

Quando a bola saiu dos pés do meia deles e foi cortando o ar fresco da noite de Belém, vindo a morrer nas nossas redes depois de beijar a trave, restou uma angústia. E este é um sentimento que nos desatina. Porém, quem conseguiu em meio à dor manter um mínimo de atenção, viu o Macaé correr apressadamente para dentro da goleira. O guri tinha uma ânsia para recomeçar o jogo. 

Pois a fé de Macaé, conforme o tempo foi passando, foi atingindo mais e mais gente. O Paysandu veio com apetite, futucou de lado a lado, teve chance de ampliar, mas todas as árvores ainda em pé na Amazônia já sabiam: a noite, assim como fora a tarde, também seria de contentamento Xavante.

Mas, antes, por várias ocasiões, Otávio Passos deu um passo fundo para se firmar como aquele goleiro que nos permite repousar a cabeça no travesseiro e dormir. Depois do sufoco na primeira etapa, o professor Thiago Gomes mexeu em dose tripla. Jonatha Carlos parecia um açaí, tal a naturalidade com que se adaptou aos campos do Pará. Teve lampejos de um Diogo Oliveira. De seus pés, o Brasil começou a se impor. Os caras até refrearam, temendo um revide fatal. Que, aliás, acabou acontecendo.

Rafael Carvalheira sofreu a falta na intermediária. Corriam os 37 minutos finais. Marcelinho tomou distância e soltou o pataço. Pelas imagens da TV, não dá para ver se a bola roçou na logomarca do fabricante do material esportivo do Paysandu. Mas daria para apostar que sim. Porque desviou no atleta deles e morreu lá dentro.

O silêncio da Curuzu, entrecortado pelos abraços de nossos meninos, prenuncia o barulho de domingo que vem, no Bento Freitas. Porque todas as árvores ainda em pé na Amazônia já sabem: a Baixada vai ferver.

Brasileirão Série C 2022 – Paysandu 1×1 Brasil – Fotos Volmer Perez

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